tag:blogger.com,1999:blog-70045399091375569042024-02-07T08:06:18.754+00:00Na dualidade da corMaria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.comBlogger66125tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-70602533873218796562008-10-04T22:14:00.000+01:002008-10-04T22:16:42.118+01:00-------<div align="justify">Fechei a luz<br />Abri no escuro a caixa de Pandora<br />Espalhei todos os males em meu redor<br />Recolhi-os em mim<br />Restou a secura que a alma reconhece<br />Como um vento de deserto<br />E a busca da água da esperança<br />Renascido oásis no limite do caminho<br /><br /><br />[Há ciclos que temos que fechar. Estes dois blogs terminam hoje. É altura de voltar a uma casa que, no fundo, nunca deixei. Quem me quiser encontrar, estou <a href="http://vidadevidro.blogspot.com/">num blog aqui ao lado</a>. Não é a Internet um mundo tão grande e tão pequeno, ao mesmo tempo? Espero ver-vos por lá. Obrigada pelo apoio e carinho que me deram, aqui.] </div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-79334467614222944242008-09-30T22:45:00.000+01:002008-09-30T22:47:41.771+01:00Matemática<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnoii58ZgkJ0nzjjubqJWfXrqWecOyQqdiG2t_3Zk2smADDdMeMVV96AA-kthnLFpHd_P6jWG3saS8YStQ7hnRJi_ZfxyRAQc8_JQFAkRnAwzphzqFfV9bSlfHiGzPJElPMMKJkp2fzQ/s1600-h/math_400.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5251883959734188386" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnoii58ZgkJ0nzjjubqJWfXrqWecOyQqdiG2t_3Zk2smADDdMeMVV96AA-kthnLFpHd_P6jWG3saS8YStQ7hnRJi_ZfxyRAQc8_JQFAkRnAwzphzqFfV9bSlfHiGzPJElPMMKJkp2fzQ/s400/math_400.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Acordo na hora em que a dúvida me apresenta o problema como o único som, no silêncio sem retorno. Analiticamente revejo tudo. Calculo probabilidades com o enorme <em>bias</em> do que desejo. Sacudo a angústia oportunista que tenta entrar na equação, mordendo por dentro nos momentos certos. Deixo que o dia entre para me atolar na certeza de que errei os cálculos em qualquer passo. Talvez me falte alguma variável. Ou apenas um valor (in)constante que introduz um desvio nos resultados. Dia após dia, refaço cálculos sem chegar a uma solução. Sempre que desisto por cansaço, o valor de X foge por entre os espaços calados. Fica um riso trocista, único valor residual que consigo alcançar. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><br /><br /><div align="justify"><em><span style="font-size:85%;">Imagem: cortesia do Google</span></em></div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-86768482319842330082008-09-26T09:23:00.000+01:002008-09-26T09:26:18.315+01:00Passo a passo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZRCFl9p_bkHSKNQXLOupJqdMnuWxc0fftOn1RW2ekW-bBJ60SwyoXWYlF1i8CJgDQGWZZII6ofr3g236No_TJ9bSw2y8Udlmh23JV_OPkvQBFYtfvFArZBUcOjVZi4n-oL9GQq1m9XQ/s1600-h/IMG_5164+copia.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5250006237871667442" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZRCFl9p_bkHSKNQXLOupJqdMnuWxc0fftOn1RW2ekW-bBJ60SwyoXWYlF1i8CJgDQGWZZII6ofr3g236No_TJ9bSw2y8Udlmh23JV_OPkvQBFYtfvFArZBUcOjVZi4n-oL9GQq1m9XQ/s400/IMG_5164+copia.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify"></div><br /><div align="justify">Descobriu um dia que se tinha exilado entre muros rendilhados. Soprava sobre ela a delicadeza da brisa do exterior e tinha a falsa noção de que seria fácil derrubar as barreiras à sua volta. Por vezes tentava. A oscilação das paredes era real mas a resistência também. Mas quão delicados eram aqueles muros! Traziam-lhe a ilusão de que todo o prazer, todo o conforto podia existir dentro deles.<br />Todos se perguntavam porque ficara ali, até ao momento em que a erosão desfez os muros. Ainda nesse instante se deixou ficar sentada, os braços envolvendo os joelhos, como que protegendo algum tesouro ignorado. A luz lá fora era demasiado crua, feria-lhe os olhos e a pele. Com um pedaço do muro, já quase só pó, guardado na mão, caminhou devagar para fora. E andou no caminho à sua frente. Passo a passo. </div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-25891814752540017882008-09-22T14:15:00.000+01:002008-09-22T14:16:57.116+01:00Sei-te<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLaaaFBHXUKDvo24OMIaPEI5y8uo2YSN6sT_HZbgY3SNd0O9Qg5JHeoxLU8M1NCWX8iYW3cyjNCRY9ttztvguowOVk0KskO5l9e3wPNgQ5PgMfjbCR0Z_-S8iskVhDbsA58f4rr1ymdA/s1600-h/IMG_5528.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5248202445425480210" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLaaaFBHXUKDvo24OMIaPEI5y8uo2YSN6sT_HZbgY3SNd0O9Qg5JHeoxLU8M1NCWX8iYW3cyjNCRY9ttztvguowOVk0KskO5l9e3wPNgQ5PgMfjbCR0Z_-S8iskVhDbsA58f4rr1ymdA/s400/IMG_5528.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><br /><div></div><div>Fora de mim te sei<br />Alma que um dia julguei minha<br />Morada de calma cumplicidade<br />Em que outrora quis ser eu<br />Sem falsas máscaras ou disfarces sedutores<br />Sei-te no silêncio ou na palavra<br />No dia aberto ou na noite de horas brancas<br />No breve toque ou na distância<br />Sei-te na pele<br />Por lá mora o teu caminho<br />Que afastas em cada trilho de incerteza<br />Orlado de nevoeiros sonhadores<br /><br />Por te saber tão fora de mim<br />Sendo que em mim ficou a tua essência<br />Te chamo calada, quieta nas palavras<br />Até que de ti próprio sintas a ausência.</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-176494554740907032008-09-17T23:10:00.000+01:002008-09-17T23:12:31.934+01:00Nem o grito de uma ave<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Ai_psygwoijaXfER1VuG4ChtQFMuiPCESfYmoF5pwVTprASLzkJEnZknF1NKjRrbs_K-pPOvU6hoVL5cGHjc7doMKyhyphenhyphenQvplTd5_-HZkPnLgg_URRlMVNpC64wIZ39riAyLHN0gWLA/s1600-h/IMG_5455.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5247045512218778514" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2Ai_psygwoijaXfER1VuG4ChtQFMuiPCESfYmoF5pwVTprASLzkJEnZknF1NKjRrbs_K-pPOvU6hoVL5cGHjc7doMKyhyphenhyphenQvplTd5_-HZkPnLgg_URRlMVNpC64wIZ39riAyLHN0gWLA/s400/IMG_5455.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><div></div><br /><div>Nem o grito de uma ave<br />Que adivinha a partida para locais outros<br />E se despede dos campos de sal<br />Quebrará o silêncio das tardes inquietas<br />Ensolaradas horas que instantes não esgotam.<br />Todo o corpo desperto hesita na rota<br />Calado sufoco de qualquer sentimento.<br /><br />Nem uma palavra no verso em que me oculto<br />Dirá do pulsar dentro do silêncio de uma lenda antiga<br />Sem princípio ou fim<br />Um sonho, uma brisa, talvez um momento.</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-11538519528161407542008-09-14T11:21:00.000+01:002008-09-14T11:21:22.774+01:00Sopra o vento sobre o sapal<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0vpeH1_TNJp2t8yIb3fe27evhyzEVNHvhh5rxrhsUhIqXILYW81k6yVxs66Y0wf9IyKl4CRz9yVvj3Y9PyAJXhN3bAEN1MyCQyb5pxVdrOdunrF3KmJgRclRqwzqKC3XDAraHtVP0Xg/s1600-h/IMG_4544.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5245819829346548482" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0vpeH1_TNJp2t8yIb3fe27evhyzEVNHvhh5rxrhsUhIqXILYW81k6yVxs66Y0wf9IyKl4CRz9yVvj3Y9PyAJXhN3bAEN1MyCQyb5pxVdrOdunrF3KmJgRclRqwzqKC3XDAraHtVP0Xg/s400/IMG_4544.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Sopra o vento sobre o sapal<br />Na noite tecida de fios de incerteza<br />Nele me reconheço<br />Me invento, me esvoaço<br />Qual ave perdida nos caminhos do sal<br />No vento sem rumo que me invade o sono<br />Plano expectante nas ondas do ar sem saber de praia<br />Onde vou cair<br />Ou planície de urze aonde pousar<br />Pairo só no vento por sobre o sapal<br />Desafio as aves ocultas na noite de prata<br />Para, num voo final, alcançar o mar.</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-30127081325471687532008-08-28T10:34:00.000+01:002008-08-28T10:38:14.017+01:00Largos espaços<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbMBc4S0dmECZi6EAkpVl-9nGyxJ9XVqbp3E9GiFHwfBQ5b7e5CGD_UKvvC_DPOXPOCQrDhAJJ1zfjLWk9v4uS7Gj3bxGbEozzhBOgBHVV4diabYj6w7n3dPEhiCIrS3TtDjHMiuuUGQ/s1600-h/IMG_0942.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5238947200490448226" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbMBc4S0dmECZi6EAkpVl-9nGyxJ9XVqbp3E9GiFHwfBQ5b7e5CGD_UKvvC_DPOXPOCQrDhAJJ1zfjLWk9v4uS7Gj3bxGbEozzhBOgBHVV4diabYj6w7n3dPEhiCIrS3TtDjHMiuuUGQ/s400/IMG_0942.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><div></div><div>Sonho com largos espaços libertos<br />E infinitos azuis de uma outra cor<br />Braços de mar à volta do meu corpo<br />Água ou bálsamo ou vida, amor<br /><br />Longas paisagens de sol ardente<br />Desafio vermelho à luz do meu olhar<br />Labirintos que sigo pelo voo das aves<br />Traçados apenas para os decifrar<br /><br />Abismos onde mergulho sem medo<br />Do sopro da angústia recolhidas garras<br />Longos caminhos no horizonte de mim<br />A emergir do sal livre de amarras </div><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>[Vou à procura de largos espaços. O resto das férias. Até meados de Setembro. Beijos e abraços.]</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com27tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-88685185538608405952008-08-23T12:54:00.002+01:002008-08-23T13:13:33.574+01:00Insidiosa hera<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN_TWJBMp3_F97oAlLAkWw-BIA86lue31V6gmJIyHwcgqX2IcLOxvm49aQWdri9MGBX-bqcuHUnvoIjfvVR3kzPpKSQhwKlELKyTVunO_51C3NwfLPYf0OZOmpo2fDJqTemnN6MlPrww/s1600-h/IMG_2107.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5237685132892360178" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiN_TWJBMp3_F97oAlLAkWw-BIA86lue31V6gmJIyHwcgqX2IcLOxvm49aQWdri9MGBX-bqcuHUnvoIjfvVR3kzPpKSQhwKlELKyTVunO_51C3NwfLPYf0OZOmpo2fDJqTemnN6MlPrww/s400/IMG_2107.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Nas rotas do ocaso<br />Vergam-se caules ao vento que assobia<br />Rumor pressentido em dias quietos<br />Viragem do ar e som de naufrágio<br />Um quase estertor, uma agonia<br /><br />Caminhos de sol poente<br />Onde a secura alastra pelas margens<br />Escoa-se a vida em dedos cor de terra<br />Com que afagamos o corpo dormente.<br /><br />E o silêncio cresce no dorso da dúvida<br />Como qualquer insidiosa hera.</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-31753604865933951602008-08-18T10:55:00.000+01:002008-08-18T10:56:07.839+01:00Miragem<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWpkCsY5CPLPJix4JsewGjqMaydIWFrVdqN-xDbmtVj5Na9k-T4Wc9RIKeG0_O1GB4T4Dn85qtGV74PSLJk40E2r9gLiFH2tUIYdBL7AQXZ3RHKy4nSBoRVuHgYTHbMUWjzPgkDz7Hhw/s1600-h/IMG_2997.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5234756070409423778" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWpkCsY5CPLPJix4JsewGjqMaydIWFrVdqN-xDbmtVj5Na9k-T4Wc9RIKeG0_O1GB4T4Dn85qtGV74PSLJk40E2r9gLiFH2tUIYdBL7AQXZ3RHKy4nSBoRVuHgYTHbMUWjzPgkDz7Hhw/s400/IMG_2997.jpg" border="0" /></a><br /><br /><br />Existe a imagem reflectida<br />no fundo dos rios que correm<br />em todos os espelhos de água<br />onde me vejo perdida<br />de ti .<br /><br />Procuro o reflexo azulado<br />da luz em ondas refractada<br />um líquido corpo de cristal<br />suave miragem amada<br />em mim.<br /><br />Encontro no leito da água<br />na silenciosa hora do sol posto<br />resposta a meus olhos de mágoa,<br />o teu rosto.Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-29910186333749751182008-08-01T17:14:00.000+01:002008-08-01T17:14:39.293+01:00Refúgios<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq5nQtuweXKrrGyd95R34GCTaxuw5Myp_hRDFkl7r-S1o4mJLw6nJQyR6DGw6oQkLGtUzz5EHpX08HQh2jR6ocXoNENvvQ2LFm6wMJiw08q7lPKmxPi65X1DMWrTAFPJMzpOYCmygfPg/s1600-h/DSCN1835.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjq5nQtuweXKrrGyd95R34GCTaxuw5Myp_hRDFkl7r-S1o4mJLw6nJQyR6DGw6oQkLGtUzz5EHpX08HQh2jR6ocXoNENvvQ2LFm6wMJiw08q7lPKmxPi65X1DMWrTAFPJMzpOYCmygfPg/s400/DSCN1835.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5229583206465279234" /></a><br /><br /><p align="justify">Construímos refúgios que pensamos seguros, abrigados, santuários em que nada nos pode magoar. Talvez apenas lugares de fuga de uma vida demasiado cheia de caminhos acidentados. A eles voltamos sempre que possível para, da doçura que aí paira, tirarmos forças novas. Funcionamos assim até que as paredes do refúgio começam a abrir brechas. E remendamos, remendamos até tudo parecer seguro novamente. Mas as brechas estão lá. Profundas. Um dia, reparamos nas paredes rugosas, nos ventos que entram e sentimo-nos desconfortáveis. Ainda assim, tentamos consertar o que é possível. Mas é tarde demais. O refúgio já não o é. Sabemos então que é hora de partir. Para os caminhos acidentados até que, nalgum recanto, seja possível encontrar, de novo, santuário.</p><br /><br /><br />[Para mim, não é hora de partir daqui, mas de fazer um intervalo. Uma parte das férias. Volto lá para meados do mês de Agosto. Boas férias a todos!]Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com27tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-31609810677187393262008-07-28T20:25:00.000+01:002008-07-28T20:27:44.511+01:00Novos tempos de mudança<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4fXx9iEN-0O_vBjEd5t-CM7eItTSzBhkC8UWRyMYjvD-g3Hv6LGlH81RZeahuvzGv8sgPipRF30qB-FwUdcRxZCUuPA364StbvBJtkPhoic2aqYxZEICfErlThoxymAp3Z_T23IiKvg/s1600-h/IMG_5027mod.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5228148703351353122" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4fXx9iEN-0O_vBjEd5t-CM7eItTSzBhkC8UWRyMYjvD-g3Hv6LGlH81RZeahuvzGv8sgPipRF30qB-FwUdcRxZCUuPA364StbvBJtkPhoic2aqYxZEICfErlThoxymAp3Z_T23IiKvg/s400/IMG_5027mod.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>Falo dos dias calados, quietos<br />Que se alongam em paisagens melancólicas<br />Acolhem o sol em visitas fugidias<br />Outonos já marcados<br />Sem que o estio seque o fluir das águas<br />Deixamos que a alma se distenda<br />Para lá do subtil fremir da inquietação<br />Esperamos árvores com salpicos de ouro<br />Ventos que murmuram ritmos da terra<br />Que já não cumprem a antiga tradição<br />Assim ficamos olhando o horizonte<br />Que não nos diz do azul de outras eras<br />Mas de estranhas cores pintadas de incerteza<br />São estes os novos tempos de mudança<br />Passagem pressentida na brisa que circula<br />Dentro da casa construída de esperas.</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-11148060093647466992008-07-22T18:35:00.000+01:002008-07-22T18:35:48.104+01:00Tu<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDATgklwC1Qjl6d0jTtdebv8IW1jiCg0D8vHRjTQWuH9r127iKFbrIo-TJACg0pYD-i0IoNj-8sbyTONBaHjdLfqVDozEwwnqnuThXQZNus8JhdmqEj8kw2rfDAxTEZuj2EvwG8ip3kg/s1600-h/1064559516_2a375430c9_omod.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5225821268586293666" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDATgklwC1Qjl6d0jTtdebv8IW1jiCg0D8vHRjTQWuH9r127iKFbrIo-TJACg0pYD-i0IoNj-8sbyTONBaHjdLfqVDozEwwnqnuThXQZNus8JhdmqEj8kw2rfDAxTEZuj2EvwG8ip3kg/s400/1064559516_2a375430c9_omod.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><div></div><br /><div>Existes<br />aí no limite do meu sonho<br />onde os gritos do silêncio ecoam.<br /><br />Miragem<br />concreta em momentos inventados<br />fuga de mim em dias de azul.</div><br /><div><br />Absurda<br />a ideia de ti nas horas caladas<br />planta no meu peito a flor da solidão.</div><br /><div><br />Aí no limite do meu sonho…<br /></div><br /><div></div><br /><br /><div><span style="font-size:85%;"><em>Janeiro 2005</em></span></div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-69605672065975548032008-07-17T15:57:00.001+01:002008-07-17T15:59:06.941+01:00No caminho do sol<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGak8iyymn7jWDeNsSm1jYMG09IpR1T22tr8429LR0R5U8hiAQ3bPncLU94weehJbqAK_7cBPGZ5Cd635tcJX8uVDU-xBrNztzED_REI1hDyav1tzuwEf3d8_AmvCnsq0vNY9TSvSyDQ/s1600-h/IMG_1703mod.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5223997106207907010" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGak8iyymn7jWDeNsSm1jYMG09IpR1T22tr8429LR0R5U8hiAQ3bPncLU94weehJbqAK_7cBPGZ5Cd635tcJX8uVDU-xBrNztzED_REI1hDyav1tzuwEf3d8_AmvCnsq0vNY9TSvSyDQ/s400/IMG_1703mod.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div><p align="justify">Não me contrariem o sol. Não façam nada que lhe tape a luz. Deixem-no brilhar, aquecer, acariciar o corpo com mãos de amante. Não me gritem ventos de desgraça, prenúncios do fim, nem bem sabemos de quê (sabem-no os arautos do infortúnio?). Vou pensar nisso amanhã. Ou depois. Prometo. Hoje quero que seja o sol que me guia. Quero acreditar na luz dourada, seguir-lhe o rasto na areia quente de uma praia minha. Não existe? Eu invento-a. E nela revivo velhos rituais de adoração ao astro quente que nos dá vida. Por hoje. Deixem-me acreditar no sol, por um dia.</p></div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-65460763249383245132008-07-13T19:05:00.005+01:002008-07-13T19:12:38.939+01:00saudades (II)<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNFCsGaPI6nKu4VWOlgTGoew_1zCd-gje114Kk8YmqzMJpmUC8Z-_M2sQdiArYmyzLrRSdAhgxer4wT0HRzFTtKfZDgOTEpQlecftHojqEfEiRnyswnPqic6DbC_J_bZ3O05jUwapzwg/s1600-h/IMG_6282.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNFCsGaPI6nKu4VWOlgTGoew_1zCd-gje114Kk8YmqzMJpmUC8Z-_M2sQdiArYmyzLrRSdAhgxer4wT0HRzFTtKfZDgOTEpQlecftHojqEfEiRnyswnPqic6DbC_J_bZ3O05jUwapzwg/s400/IMG_6282.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5222562733246001762" /></a><br /><br /><br /><p align="justify">…de galos e cães ao desafio pela manhã. do branco das flores nas laranjeiras no quintal. do som da água quando ainda havia rio. da alma dos bêbados que se derramava no beco pelas noites quentes de verão.<br />das carteiras com tampo de levantar onde escondia os livros de quadradinhos. e o diário que viu as primeiras letras de mim. das meninas de um lado do muro olhando os rapazes do outro, na dificuldade que aguça os primeiros desejos.<br />do presépio grande feito na escola com musgo apanhado nas veredas. da peça de teatro em que o menino nascia enquanto os namoricos se soltavam. do frio que celebrava todos os natais da aldeia. do fogo da salamandra cortando o escuro da noite. embrulhando em sonhos as horas de silêncio.<br />da vida dependente de um olhar azul, primeiro amor escrito e chorado entre a escola e as viagens de comboio. dos risos escondidos nas aulas de francês. do olhar torturado do jovem professor que tentava dar aos números um sentido.<br />dos fatos de banho nas praias sem biquínis, a não ser das estrangeiras “escandalosas”. das ondas geladas onde entrava com um pai mais próximo por ser verão. das formas de fazer bolos de areia para um qualquer aniversário de bonecas.<br />dos pratos de bolos na mesa do café onde se olhava uma caixa mágica nas tardes longas dos domingos de província. da quinta ardendo pelo sol da tarde que punha o doce nas uvas acabadas de apanhar. nas amoras que caíam das árvores. nas ameixas verdes com nome de rainha.<br />saudades até da raiva incontida ao perder cedo o olhar de inocência sobre um país que julgava igual ao que me ensinavam na escola.<br /><br />e…tanta coisa que agora lembro. saudades de um mundo que partiu. saudades de mim, outra que fui.</p><br /><br />[O poema da maria de fátima no <a href="http://cordosilencio.blogspot.com">A cor do silêncio</a> fez-me lembrar as minhas saudades. E ficou assim... ]Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-79044309101804000042008-07-08T18:01:00.000+01:002008-07-08T18:09:35.963+01:00palco<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdm6gD7pHy4CuBLm7Iupm7iW0D-Oe3TVmtpvDQrF8-kHuONmURzN4BqJQaStcShVSGmOLevFtTsB0dSECfy1cGEcj0SIkIy9dGIT-1D1a0FRD3qKr7afzaLbUxOyCTT_dR9Em2ESLuKA/s1600-h/100_0502ID.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5220690909434413634" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdm6gD7pHy4CuBLm7Iupm7iW0D-Oe3TVmtpvDQrF8-kHuONmURzN4BqJQaStcShVSGmOLevFtTsB0dSECfy1cGEcj0SIkIy9dGIT-1D1a0FRD3qKr7afzaLbUxOyCTT_dR9Em2ESLuKA/s400/100_0502ID.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><em><span style="font-size:85%;">foto by Inês Duarte</span><br /></em><div></div><br /><p align="justify">invento-me. (re)invento-me. instalo-me em cada criação. como se fosse a definitiva. como se… canso-me. perco o sentido do rosto que criei. esvazio-lhe a alma. procuro outro palco. outra personagem que sou eu e não sou. não sei bem quem sou. saberás tu? ou apenas conheces a minha personagem para ti? </p>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-84475745366506015562008-07-03T08:25:00.000+01:002008-07-03T08:27:48.212+01:00Palavra aberta<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihaeAp4lAJcH162G0GHhORQUHaZeRjqYbWGQ4DqBajcBpGEbG5Bj0F8pU2_AZNNCYynshv0iO8wWyXcag2KTm5xBrzQUEd8jvHDevHIOOfcbcxCIOFH2KMwU30BXCnhfVkQk8vJDnqcA/s1600-h/100_6590+copia.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihaeAp4lAJcH162G0GHhORQUHaZeRjqYbWGQ4DqBajcBpGEbG5Bj0F8pU2_AZNNCYynshv0iO8wWyXcag2KTm5xBrzQUEd8jvHDevHIOOfcbcxCIOFH2KMwU30BXCnhfVkQk8vJDnqcA/s400/100_6590+copia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5218536368006591970" /></a><br /><br /><br />Não olhes. Vê.<br />Mesmo que os olhos<br />te ardam.<br />Não toques. Sente.<br />Mesmo que o corpo<br />te doa.<br />Não fales. Diz.<br />Mesmo que a alma<br />te sangre.<br />De ti quero a palavra<br />aberta tanscrição clara<br />dos sentidos.Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com28tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-52909103617738062242008-06-28T08:35:00.000+01:002008-06-28T08:35:00.284+01:00A cor do girassol<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMnDJXnZELmbHhKGM5GJR6qdrz6wNDj6W97O7tnOVhb6WgE7pcMeOx6SDFTQPCZR6GHRiBhgUvGtfCgAVjgGvyhb6kljF2Nfgdtw-yBWoe1wxMRcEwye7vrZEFr42s6BvBwxZIQ6A6Gg/s1600-h/IMG_0158mod+copia.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5216637447583781714" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMnDJXnZELmbHhKGM5GJR6qdrz6wNDj6W97O7tnOVhb6WgE7pcMeOx6SDFTQPCZR6GHRiBhgUvGtfCgAVjgGvyhb6kljF2Nfgdtw-yBWoe1wxMRcEwye7vrZEFr42s6BvBwxZIQ6A6Gg/s400/IMG_0158mod+copia.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><br /><br /><div></div><br /><br /><div>Fosse a vida só o que se explica<br />Girasse o mundo na órbita certa<br />Simples na frieza dos números<br />A cor do girassol seria só amarela<br />Por convenção de linguagem<br />Não a cor do astro que persegue<br />Pedaço de luz caído na terra<br />Leve indício duma senda de ilusão</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-31143237802271505952008-06-23T19:40:00.000+01:002008-06-23T19:40:39.441+01:00Nestes dias<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCn-XwZLr7cfiO7cNXQtoVQScC07kO6GwMsO-2I043uz5w8YEpYnVryRX3ehygj_EcJ7XiNEzA6oftQrKNLHpeODrJp_awPsE-DgFztgFAcLA8L0bQ9DxikJk-JTUdwNQ5bbFEc3wMcw/s1600-h/100_8461.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5215148568534329778" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCn-XwZLr7cfiO7cNXQtoVQScC07kO6GwMsO-2I043uz5w8YEpYnVryRX3ehygj_EcJ7XiNEzA6oftQrKNLHpeODrJp_awPsE-DgFztgFAcLA8L0bQ9DxikJk-JTUdwNQ5bbFEc3wMcw/s400/100_8461.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div><p align="justify">Não canto as aves verdes da manhã. Ou o sol cor de paixão pela terra. E nem o mar de que não conheço a cor, por tantas saber. Há, nestes dias, um espelho baço nos meus olhos. Nele se tolda a infinita beleza que adivinho. </p></div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-81741339814854805312008-06-19T15:20:00.001+01:002008-06-19T16:47:08.361+01:00Na planície dourada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguhZuYht81eFhQKgwPoq_aLChOIzekWf2F_4tF0ieAeOyeudgk5q2Ers9p8dLmGRpCN3fWtlvje1YNoe6eqdfWTLmNI2vdMQWqTYWkLpvRea_JbocL67QyceraY_TdmUgv7JUOFCgKlQ/s1600-h/IMG_0562+copia+ass.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5212596480975097170" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguhZuYht81eFhQKgwPoq_aLChOIzekWf2F_4tF0ieAeOyeudgk5q2Ers9p8dLmGRpCN3fWtlvje1YNoe6eqdfWTLmNI2vdMQWqTYWkLpvRea_JbocL67QyceraY_TdmUgv7JUOFCgKlQ/s400/IMG_0562+copia+ass.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwGEyV27Ec2-P3yo-6eQeVwgMtWHve_oFkhIvu5HusDveZaubjDw_MK42Vh3bJXIRmZEQo4ToUVs1Q5KBLlaxxCz3uGMTZkH2PKQT5xKXkAKAXJ5NR-3JeB3XzuFPBEjW-8uGBm3sNHA/s1600-h/IMG_0562+copia+ass.jpg"></a><br /><div></div><div></div><div><br /><p align="justify">O sol era um braseiro na manhã adiantada. Visto o castelo, feitas as deambulações pelas vielas de brancas paredes, o jardim chamava com promessas de sombra e descanso. Entrei, passo lesto em direcção ao muro que dava direito a uma ampla vista. A máquina pronta a disparar, pois claro. Paisagem a perder-se no horizonte longínquo convenientemente registada “para mais tarde recordar…”. E depois olhei o jardim com olhos de ver. Bonito, maneirinho. Um café, um coreto, alguns bancos à sombra e um estranho aparelho no meio, como estátua ou ornamento. Sem saber bem o que era, fotografei de vários ângulos, como convém. Sobretudo quando não se sabe bem o que é…<br /><br /><em>“Minha senhora, sabe, isso era a aguadeira daqui.”<br /></em><br />Um dos homens sentados nos bancos tinha-se levantado e fez-se voz de recordações de tempos de meninice ou talvez até um pouco mais tarde na vida.<br /><br /><em>“Sabe a senhora que, quando não havia água canalizada, andavam com isto puxado a bois e davam água ao povo. O condutor sentava-se naquela cadeirinha, está a ver?”<br /></em><br />Estava a ver. Daí a “aguadeira”. Percebi e agradeci-lhe ter ficado a perceber o que era “aquilo”.<br /><br /><em>“Ah, não imagina o que a rapaziada gostava quando isto andava nas ruas. É que às vezes, para sacudir os moços que se penduravam, o condutor deitava água lá por trás da maquineta. E não é que era isso mesmo que a rapaziada queria?”</em><br /><br />E o riso do homem fez-se claro como naqueles tempos. Depois, com que envergonhado, foi dizendo:<br /><br /><em>“A senhora desculpe. Está a gostar do jardim? E aquela vista? Vi que tirou fotografias.”<br /></em><br />Acho que o meu olhar lhe disse o quanto tinha gostado do jardim, da terra, daquela humanidade transbordante e franca. Com um sorriso meio triste rematou:<br /><br /><em>“Sabe, temos que nos entreter com qualquer coisa. Já viu, tantos velhos…”<br /></em><br />Tinha visto, sim. Naquelas terras da planície dourada, a vida parece parar nos seus olhos. Observam o passar do tempo. Repositórios vivos duma sabedoria que com eles se perderá.</p></div></div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-78188271091176765392008-06-13T18:13:00.001+01:002008-06-13T18:17:24.763+01:00Alentejo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgx94NTW70vJsfqS4XGM2BFEhviPMTPsx1QagL6FD1a2nb-ucyrqlC5UrjDGWLX_Q2Q9alcfbTSi1TzxsCCHe3-caLWuZ-IPfvZpETK6kK1-vQaF4rl30Fs0LeRbXyZNaV5jcFJ7wwbA/s1600-h/IMG_0992+copia.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgx94NTW70vJsfqS4XGM2BFEhviPMTPsx1QagL6FD1a2nb-ucyrqlC5UrjDGWLX_Q2Q9alcfbTSi1TzxsCCHe3-caLWuZ-IPfvZpETK6kK1-vQaF4rl30Fs0LeRbXyZNaV5jcFJ7wwbA/s400/IMG_0992+copia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5211416240394992738" /></a><br /><br /><br />Nem um sonho se avista<br />No sopro da planície<br />Só a esperança da árvore<br />Tão verde que dói<br />Neste solo que abrasa<br />Neste ar que entontece<br />E o riso vermelho<br />Na beira da estrada<br />Da papoila que espera<br />E esmorece.Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-87254960677151410542008-05-30T18:53:00.001+01:002008-06-06T18:54:27.148+01:00Existem os cavalos...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmIV_aS-qalxxLtDPbrmQuHJOpxSeCLSzuMVn_bZqoh-uR-gR1GsoCMmAvWFfGJ-ECXzs-58qSLimD9ACJNVYE1oDH24XMiqAW3_u8RLFPOdzV-F-8hTUBJIhKeJ6qoYtL5MFA3BtRFQ/s1600-h/IMG_6530mod.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5206230319570054210" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmIV_aS-qalxxLtDPbrmQuHJOpxSeCLSzuMVn_bZqoh-uR-gR1GsoCMmAvWFfGJ-ECXzs-58qSLimD9ACJNVYE1oDH24XMiqAW3_u8RLFPOdzV-F-8hTUBJIhKeJ6qoYtL5MFA3BtRFQ/s400/IMG_6530mod.jpg" border="0" /></a><br /><div></div><br /><div></div><br /><div>É certo que existem os cavalos<br />tranquilos no pasto<br />como se toda a liberdade fosse sua.<br />Serão as cercas apenas fios leves<br />teias, carícias sobre a pele nua?<br />Será que imaginam felicidade<br />no suave vegetar das suas vidas?<br />Não intentam fuga ou protesto<br />nem se agitam em vãs tentativas,<br />são a simples imagem da beleza<br />sopro do vento na margem esquecida.<br />Existem dentro da minha certeza,<br />feitos para o voo<br />presos na armadilha da vida. </div><br /><div></div><br /><div><em><span style="font-size:85%;">Janeiro 2007</span></em></div><br /><br />[Peço desculpa pela minha falta de assiduidade nos vossos blogs. Voltarei lá para o fim da próxima semana. <a href="http://cordosilencio.blogspot.com">Lá, do outro lado,</a> há Alegria!]Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-7776190548419512822008-05-25T23:18:00.000+01:002008-05-25T23:18:23.067+01:00Chuva<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd-TQEadx5p0Pbq_S6UYIdgYchXEnf3bCnlTjtU6_c6QCtzhf6r1MdJ7zNbrQr1aBzZUThz556XO6zN7wsnZcWqF_p23nVT-OEcm-Pgt4Q_k7NrBRY39r7krJ40YvCsx1nqpRL3UdACw/s1600-h/IMG_2094mod.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd-TQEadx5p0Pbq_S6UYIdgYchXEnf3bCnlTjtU6_c6QCtzhf6r1MdJ7zNbrQr1aBzZUThz556XO6zN7wsnZcWqF_p23nVT-OEcm-Pgt4Q_k7NrBRY39r7krJ40YvCsx1nqpRL3UdACw/s400/IMG_2094mod.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5203691985308183586" /></a><br /><br />Sinto o cheiro da chuva nas manhãs<br />Ainda mal o sol se anuncia<br />Leio os avisos de Outono adiantado<br />Deixados na soleira da porta<br />Um murmúrio de água <br />Teima que é tempo de renascer<br />Mas os braços alongam-se no vazio<br />Desta chuva que molha sem lavar <br />Escorre nos dedos o desejo de viverMaria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-77542588285123703262008-05-19T19:45:00.002+01:002008-05-19T19:49:05.263+01:00No verso da folha<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtlzqWpiR1MCEPuJ5EzPM2N3BRBQOyy6YKu0n0BEUKPAWiogdnwmkWhEtPBaliWpzVLiBUx2oRrJ_1LUPV5RkEdfI-VlDTCLLDyVGuUZrrQA9LBw3uft_pa5OVkZjTh1as-klyDPNN-Q/s1600-h/IMG_1839mod.jpg"><img style="cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtlzqWpiR1MCEPuJ5EzPM2N3BRBQOyy6YKu0n0BEUKPAWiogdnwmkWhEtPBaliWpzVLiBUx2oRrJ_1LUPV5RkEdfI-VlDTCLLDyVGuUZrrQA9LBw3uft_pa5OVkZjTh1as-klyDPNN-Q/s400/IMG_1839mod.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5202162726677159522" /></a><br /><br />Quero escrever<br />no verso da folha<br />palavra incorrecta<br />de sentir errado.<br />Virar-me do avesso<br />e dizer de mim<br />o que está calado.<br />Porque, de ser certa,<br />a frase escondida<br />breve se revela, <br />perdido o encanto<br />que nela habita.<br />E o verso falado<br />deixa por não dita<br />aquela palavra,<br />a tal incorrecta,<br />o olhar perverso<br />que apenas espreita<br />no poema escrito<br />na folha perfeita,<br />na beira do verso.<br /><br /><br /><em>Março 2006</em>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-5705662566245023772008-05-15T12:09:00.000+01:002008-05-15T12:18:52.036+01:00Desafios ou a vida em 6 palavrasA <a href="http://artmus.blogspot.com/">Mateso</a> e a <a href="htpp://ojardimcasa.blogspot.com/">CNS</a> fizeram-me um desafio que tem as seguintes regras:<br /><br />São-nos pedidas seis palavras para uma “muito curta” biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar seis blogues, avisando-os deste mesmo convite “à valsa”. Além disso, deveremos partilhar 6 coisas que nos pareçam importantes e 6 outras de que não gostemos.<br /><br />Parece simples? Eu não achei, porque isto de resumir-nos em seis palavras é extremamente complicado. Encontrei ajuda em Fernando Pessoa que, entre muitas, tem uma frase que abraço por inteiro:<br /><br /><div align="justify"></div><br /><br /><br /><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnWSvIYzCq8u87iHhg4HZHETPg6ix6Np67s1VeZbaWHm7GQR6rfVb1Si9t0CUoCeJy1qH1c3Ki5tlQDbmk1H7HEtCWD2dP8BWOrrBQkKo-JnwWU2NNZHW59s72gK2sJ_lOBIN4zDDfUQ/s1600-h/100_1337+copia.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5200278004833361490" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnWSvIYzCq8u87iHhg4HZHETPg6ix6Np67s1VeZbaWHm7GQR6rfVb1Si9t0CUoCeJy1qH1c3Ki5tlQDbmk1H7HEtCWD2dP8BWOrrBQkKo-JnwWU2NNZHW59s72gK2sJ_lOBIN4zDDfUQ/s400/100_1337+copia.jpg" border="0" /></a></div><br /><br /><div align="justify"><br /><strong><span style="color:#000066;">"O homem é do tamanho do seu sonho."</span></strong><br /><br />Mais ou menos seis palavras e está (quase) tudo dito. Agora, o que é importante e o que não gosto.<br /><br /><strong>É importante:<br /></strong><br />- a tolerância<br />- a solidariedade<br />- a liberdade<br />- a visão para lá do olhar<br />- a alegria<br />- o amor<br /><br /><strong>Não gosto:</strong><br /><br />- de hipocrisia<br />- de arrogância<br />- de tirania<br />- de tacanhez<br />- de maniqueísmo<br />- de quem "possui" a verdade<br /><br />Cumpri as regras todas, menos a de passar o desafio. Passo a todos os que ainda não tiverem dançado esta "valsa". Ora vamos lá...</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com18tag:blogger.com,1999:blog-7004539909137556904.post-90271360992137592122008-05-11T16:40:00.000+01:002008-05-11T16:40:00.659+01:00Cristal frio<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1hF9FU1UtodshgtjILQL_GXDsiOudX94suGfan9Q6j3uHuszKu9RYurL9A7bawNDju_3J8BAljOHyZZG4LMK1FWSfRmrxcH_b_G1ujJL4rTQ2TpJZXIaPp25POPFP-dmbJ1rb1en0iA/s1600-h/IMG_5433mod+ass.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5198450007636987858" style="CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1hF9FU1UtodshgtjILQL_GXDsiOudX94suGfan9Q6j3uHuszKu9RYurL9A7bawNDju_3J8BAljOHyZZG4LMK1FWSfRmrxcH_b_G1ujJL4rTQ2TpJZXIaPp25POPFP-dmbJ1rb1en0iA/s400/IMG_5433mod+ass.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div></div><div></div><br /><div>As madrugadas estão prenhes<br />De implacável lucidez<br />No seu ventre adejam pássaros<br />De agoiro<br />Sem rótulo de bom ou mau<br />Só certezas de coisas por vir<br />Até ao dia em que se abatem<br />Na poeira que contemplo<br />Essa será a hora da limpidez<br />Do cristal frio de que me escondo<br />Com medo que me cegue<br /><br />Preparo-me devagar<br />Para enfrentar o espelho<br />De alma sem maquilhagem</div>Maria Laurahttp://www.blogger.com/profile/12334993184185607865noreply@blogger.com29