segunda-feira, dezembro 03, 2007

Baça imagem




Ainda me lembro dos teus olhos
Mas sinto-lhes um véu de mágoa
De espessura crescente
Como se os dias tivessem que ser
O caminho que se toma sem escolha.
Ainda me lembro da voz
Mas acrescento-lhe um timbre de tristeza
E nada nela corresponde
Ao que ecoava a minha gargalhada.
Talvez me engane
E tudo em ti seja igual
Pode a diferença estar em mim
Por não conhecer o que é real em ti.
Nego que olhos, voz e sorriso são os mesmos
Apenas não se reflectem em mim
Nego a mágoa minha
E a tristeza aninha-se
No timbre em que a minha voz te fala
Talvez esteja a pensar em ti o espelho de mim
Aquilo que é já só baça imagem.

14 comentários:

Walter disse...

Há imagens que mesmo baças permanecem...voltarei mais vezes, até porque o que li me prendeu!
walter

www.tonsdevermelho.blogspot.com

Berta Helena disse...

Que bocadinho agradável passei a ler o teu poema. Cativante, a tua poesia. Não sei se tenho razão, mas penso que as imagens baças são muitas vezes belas porque nos fazem remexer as memórias.

FERNANDA & SONETOS disse...

Olá Maria Laura, adorei o teu texto...
Beijinhos
Fernandinha

Ad astra disse...

texto sentido, a fazer sentir. A foto...o costume...gostei muito

vieira calado disse...

Um bonito poema, sensível, bem escrito.
Cumprimentos

Oliver Pickwick disse...

Ei, Maria Laura, essa fotografia desse post transportou-me até a minha infância, durante as férias, visitando fazendas da família, por causa do candeeiro sobre a mesa. Aqui no Brasil, ele era conhecido como Aladin. Bons tempos!

Os seus comentários estão deixando-me no limite da lisonja e do insuportavelmente envaidecido. Mas, eu sei, é tudo por conta da sua delicadeza e gentileza extremadas.
Você já sabe que lhe considero uma continuadora do Cartier Bresson, assim, só me resta desejar que, no Natal, o seu presente seja uma lente desenvolvida pela NASA, e capaz de captar luz até mesmo em ambientes 100% escuros.
Um beijo, e tenha a melhor das semanas!

P.S.: Uma curiosidade, a foto do seu avatar, foi tirada por você mesma?

un dress disse...

lembro que não lembro os teus olhos.

que nunca vi.

lembro de novo que esqueço

o que nunca vi.


*

*

*


beijO

Anônimo disse...

é a dor de quem idealiza, diviniza o outro que sempre foi/é apenas um mano (humano). te achei em un dress! Valeu pelos versos que transitam-nos enquanto seres delirantes! Beijos!

Manuel Veiga disse...

somos apenas os que os olhos vêem...

por isso o timbre da voz. como eco.

excelente poema!

Joana Roque Lino disse...

nele... em ti... o nós! um e outro... beijo Maria Laura.

ruth ministro disse...

Muito bonito... :)

Beijinhos

Cochofel disse...

Lindo!

eduardo jai disse...

Bonito.

Uma noite boa.
:)

Rui Caetano disse...

Um poema muito bonito. Recorrer a imagens de ontem para expressar o hoje é uma ideia original e faz-nos recordar tempos idos.