quinta-feira, agosto 28, 2008

Largos espaços



Sonho com largos espaços libertos
E infinitos azuis de uma outra cor
Braços de mar à volta do meu corpo
Água ou bálsamo ou vida, amor

Longas paisagens de sol ardente
Desafio vermelho à luz do meu olhar
Labirintos que sigo pelo voo das aves
Traçados apenas para os decifrar

Abismos onde mergulho sem medo
Do sopro da angústia recolhidas garras
Longos caminhos no horizonte de mim
A emergir do sal livre de amarras



[Vou à procura de largos espaços. O resto das férias. Até meados de Setembro. Beijos e abraços.]

sábado, agosto 23, 2008

Insidiosa hera




Nas rotas do ocaso
Vergam-se caules ao vento que assobia
Rumor pressentido em dias quietos
Viragem do ar e som de naufrágio
Um quase estertor, uma agonia

Caminhos de sol poente
Onde a secura alastra pelas margens
Escoa-se a vida em dedos cor de terra
Com que afagamos o corpo dormente.

E o silêncio cresce no dorso da dúvida
Como qualquer insidiosa hera.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Miragem




Existe a imagem reflectida
no fundo dos rios que correm
em todos os espelhos de água
onde me vejo perdida
de ti .

Procuro o reflexo azulado
da luz em ondas refractada
um líquido corpo de cristal
suave miragem amada
em mim.

Encontro no leito da água
na silenciosa hora do sol posto
resposta a meus olhos de mágoa,
o teu rosto.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Refúgios



Construímos refúgios que pensamos seguros, abrigados, santuários em que nada nos pode magoar. Talvez apenas lugares de fuga de uma vida demasiado cheia de caminhos acidentados. A eles voltamos sempre que possível para, da doçura que aí paira, tirarmos forças novas. Funcionamos assim até que as paredes do refúgio começam a abrir brechas. E remendamos, remendamos até tudo parecer seguro novamente. Mas as brechas estão lá. Profundas. Um dia, reparamos nas paredes rugosas, nos ventos que entram e sentimo-nos desconfortáveis. Ainda assim, tentamos consertar o que é possível. Mas é tarde demais. O refúgio já não o é. Sabemos então que é hora de partir. Para os caminhos acidentados até que, nalgum recanto, seja possível encontrar, de novo, santuário.




[Para mim, não é hora de partir daqui, mas de fazer um intervalo. Uma parte das férias. Volto lá para meados do mês de Agosto. Boas férias a todos!]