sábado, agosto 23, 2008

Insidiosa hera




Nas rotas do ocaso
Vergam-se caules ao vento que assobia
Rumor pressentido em dias quietos
Viragem do ar e som de naufrágio
Um quase estertor, uma agonia

Caminhos de sol poente
Onde a secura alastra pelas margens
Escoa-se a vida em dedos cor de terra
Com que afagamos o corpo dormente.

E o silêncio cresce no dorso da dúvida
Como qualquer insidiosa hera.

13 comentários:

hfm disse...

"E o silêncio cresce no dorso da dúvida
Como qualquer insidiosa hera."

Como gostei!

M. disse...

Muito belo. Gostei muito.

Laura disse...

Olá, lembro-me de ler um qualquer poema ou canção nems ei bem que começava assim;

Nas folhas da hera
O meu coração gravei
E, dentro sincera
A data em que o dei!...

e continuava mas ja nem sei como...
Beijinhos e lindo poema..laura.

Violeta disse...

e quanto mais velhas mais o silêncio cresce...

JPD disse...

Olá M Laura

A gestão do silêncio é de facto muito complicada.

Se se tratar de um resguardo, ou de uma pausa, sem que os compromissos sejam afectados, abalados, não será mau de todo.
O problema é se se trata afinal de um remanescente, do que já nem resta de nada, do insidioso verde da hera...

Gostei muito do poema.
Bj

Oliver Pickwick disse...

A hera está tão bem enquadrada na foto que não merece ser qualificada como insidiosa. Todavia, compreendo, foi a maneira de inserir a metáfora na poesia.
Depois de mais de um mês ausente da blogosfera, é bom "encotrá-la" de novo,prezada amiga.
Um beijo!

~pi disse...

he ra tão raíz...

nem sempre insidiosa h era

( tão raíz tão

terra )




beijo




~

Stella Nijinsky disse...

Olá Maria Laura!

Há silêncios perigosos, ao deixarmos que se instalem e alastrem, roubam os ecos do espaço mútuo.

Beijo

Stella

luis lourenço disse...

Passei e senti o bom gosto com que cultiva o seu jardim...a hera é dionisíaca por excelência e está associada ao carpe diem da existência...ao visitar o espaço da Renata Cordeiro tropeçei no seu comentário e tive curiosidade...

com apreço

Isamar disse...

Voltei para falar das minhas gentes, da minha terra, das memórias vivas e reais que perduram na minha alma e no meu coração.

Beijinhos

tchi disse...

E os campos da alma persistirão em amadurecer.

RENATA CORDEIRO disse...

É um poema que cativa: "E o silêncio cresce no dorso da dúvida/Como qualquer insidiosa hera". Muito bom, Maria Laura. Querida, postei hj de novo, pois quando fiz aquela outra postagem passei por maus bocados. É longo, portanto, escolha algo para ler ou apreciar, pressione a tecla "Page down", que todos os computadores têm, e faça o seu comentário. Se quiser apreciar tudo, o post está lá, basta ir outro dia.
Um beijo,
Renata
wwwrenatacordeiro.blogspot.com

guru martins disse...

...bela
metáfora!!